A
família Papaveraceae abrange uma grande variedade de plantas com flores,
conhecidas por suas propriedades medicinais e importância histórica. Papaveraceae
é uma das famílias de Eudicotyledoneae Basais (tricolpadas basais).
Possui hábito predominantemente herbáceo. Suas formas podem variar de ervas
anuais, bianuais ou perenes, sendo raramente arbustos ou árvores. Sua
distribuição é vasta em regiões temperadas no hemisfério norte, mas também
ocorrem no sul da África e no leste da Austrália. A diversidade de espécies no
Brasil é escassa. Os indivíduos que constitui a família Papaveraceae são
latescentes e podem produzir látex branco, creme, amarelo, alaranjado e até
vermelho. Tais secreções possuem aproximadamente 25 tipos de alcalóides
diferentes, classificados em dois grupos, benzil-isoquinolina e fenantreno. As
plantas dessa família são caracterizadas por serem muito venenosas. Suas flores
intensamente coloridas atraem diversos insetos polinizadores como abelhas, vespas
e moscas. O vento é responsável pela dispersão das sementes, por chacoalharem
as capsulas e ejetá-las, quando não há deiscência explosivas dos frutos. A
família Papaveraceae abrange uma grande variedade de plantas com propriedades
medicinais e importância histórica.Veremos agora dez plantas da família
Papaveraceae que possuem propriedades medicinais
Papaver
somniferum (Papoula de ópio):
A
papoula é talvez a planta medicinal mais icônica da família Papaveraceae. Seu
látex seco, conhecido como ópio, contém numerosos alcaloides, incluindo morfina
e codeína. Tradicionalmente usados como analgésicos e sedativos, esses alcaloides
têm um impacto profundo no controle da dor e no alívio da ansiedade. Além
disso, servem de base para a síntese de importantes drogas opióides como a
oxicodona e a hidrocodona.
Eschscholzia
californica (Papoula da Califórnia):
Esta
flor de tonalidade dourada, nativa da Califórnia, é conhecida por suas
propriedades calmantes e sedativas. A papoula da Califórnia contém vários
alcalóides, flavonoides e cumarinas, que ajudam a aliviar a ansiedade e a
insônia. Seu uso tradicional na medicina nativa americana como um analgésico
leve torna uma terapia alternativa popular para o gerenciamento de condições
relacionadas ao estresse.
Chelidonium
majus (Grande Celidônia):
As
flores amarelas da Chelidonium majus e a sua seiva distinta contêm
alcalóides, incluindo a quelidonina, conhecida por suas propriedades
hepatoprotetoras. Tem sido usado na medicina tradicional como remédio para
distúrbios hepáticos, icterícia e cálculos biliares. Esses alcaloides também
possuem atividade antimicrobiana, tornando-se um potencial candidato para o
desenvolvimento de novos fármacos.
Corydalis
yanhusuo (Yanhusuo):
Corydalis
yanhusuo é uma erva perene amplamente utilizada na medicina tradicional chinesa
por suas propriedades analgésicas. Seu rizoma contém compostos bioativos como
as tetrahidroprotoberberinas, que possuem potentes efeitos analgésicos e
anti-inflamatórios. Esta planta medicinal tem mostrado resultados promissores
no tratamento de vários tipos de dor, incluindo a dor neuropática.
Argemone
mexicana (Papoula espinhosa mexicana):
A
papoula espinhosa mexicana é reconhecida por suas ações antimicrobianas e
anti-inflamatórias. Seu látex contém alcaloides como a sanguinarina, que
apresentam atividade antimicrobiana contra diversas bactérias e fungos. Na
medicina tradicional, esta planta tem sido usada para tratar doenças de pele,
distúrbios gastrointestinais e como agente analgésico.
Glaucium
flavum (Papoula com chifres amarela):
A
papoula de chifre amarelo é rica em alcaloides como a glaucina e a protopina,
que possuem potentes propriedades analgésicas e sedativas. A planta tem sido
tradicionalmente utilizada como analgésico e expectorante, tornando-a valiosa
para doenças respiratórias como bronquite e asma. Seus alcaloides também se
mostram promissores na inibição do crescimento tumoral.
Stylophorum
diphyllum (Celandine Poppy):
A
papoula Stylophorum diphyllum, comum na América do Norte, contém compostos
bioativos como alcaloides isoquinolínicos que exibem atividades antimicrobianas
e anti-inflamatórias. Os usos medicinais tradicionais incluem o tratamento de
problemas de pele, queixas gastrointestinais e dores musculares. Pesquisas
sugerem seu potencial como agente anticancerígeno devido aos seus efeitos
citotóxicos.
Macleaya
cordata (Plume Poppy):
A
papoula Macleaya cordata é reconhecida por suas atividades antimicrobianas e
antiparasitárias. Suas raízes, folhas e flores contêm vários alcaloides,
flavonoides e saponinas. Suas propriedades antimicrobianas são atribuídas à
presença de sanguinarina e queleritrina. A medicina tradicional chinesa emprega
a papoula como antipirético e diurético.
Papaver
rhoeas (papoula comum):
A
papoula comum tem um significado histórico nas culturas antigas devido às suas
propriedades analgésicas e sedativas. Suas pétalas contêm vários alcaloides como
rhoeadine, que possuem efeitos sedativos leves. Tem sido tradicionalmente usado
para induzir o sono, aliviar a dor e acalmar a ansiedade.
Meconopsis
cambrica (papoula galesa):
A Meconopsis
cambrica, também conhecida como papoula galesa ou papoula amarela, é uma planta
herbácea perene que pertence à família Papaveraceae. Esta espécie é nativa da
Europa Ocidental, incluindo as Ilhas Britânicas, e pode ser encontrada em
partes da América do Norte e da Ásia. A papoula galesa contém alcaloides e
flavonoides, conferindo-lhe propriedades anti-inflamatórias e analgésicas.
Embora tradicionalmente usado para tratar tosse e doenças respiratórias.
Referências
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