MANGUE-PRETO: planta cujas folhas podem ser aplicadas topicamente em inflamação da pele, artrite ou outras doenças inflamatórias.

 

A Avicennia schaeueriana, comumente conhecido como Mangue preto, é uma espécie de manguezal pertencente à família Acanthaceae. É uma árvore perene de tamanho médio que pode atingir alturas de até 20 metros. Possui copa densa e arredondada e tronco grosso e reforçado. A casca é lisa e de cor acinzentada. As folhas são simples, coriáceas e de arranjo oposto. São de formato elíptico ou lanceolado, com cerca de 5 a 12 centímetros de comprimento, e apresentam cor verde brilhante na superfície superior e branco prateado na superfície inferior. As flores são pequenas e discretas, com pétalas branco-esverdeadas. Eles estão dispostos em cachos ou pontas nas extremidades dos galhos. O fruto uma cápsula lenhosa que é verde quando jovem e escurece à medida que amadurece. Cada cápsula contém uma semente vivípara, o que significa que germina enquanto ainda está presa à planta-mãe. Cresce em zonas entre marés na costa brasileira, onde tolera inundações regulares pela água do mar. Como espécie de mangue, ela desempenha um papel vital nos ecossistemas costeiros. Seu denso sistema radicular ajuda a estabilizar os sedimentos costeiros, protege as linhas costeiras da erosão e fornece habitats para vários organismos. Também serve como berçário e local de alimentação para muitos peixes e invertebrados. Tem sido utilizada para diversos fins medicinais por diferentes culturas.

Alguns usos medicinais tradicionais associados à Avicennia schaeueriana:

Cicatrização de feridas: Em algumas práticas medicinais tradicionais, as suas folhas tem sido usada topicamente para promover a cicatrização de feridas. Acredita-se que as propriedades adstringentes da planta ajudam a estancar o sangramento e facilitam o processo de cicatrização.

Efeitos anti-inflamatórios: Extratos de Avicennia schaeueriana têm sido usados tradicionalmente por suas propriedades anti-inflamatórias. Ele pode ser aplicado topicamente ou usados em remédios tradicionais para doenças como inflamação da pele, artrite ou outras doenças inflamatórias.

Distúrbios gastrointestinais: Em certos sistemas de medicina tradicional, ela tem sido usada para tratar problemas gastrointestinais, incluindo diarreia, disenteria e dores de estômago. A casca ou folhas da planta podem ser preparadas em decocção ou infusão e consumidas por via oral.

Atividade Antimicrobiana: Alguns estudos investigaram as propriedades antimicrobianas dos extratos de Avicennia schaeueriana. Eles demonstraram potenciais efeitos inibitórios contra certas bactérias e fungos.

Algumas formas de uso da Avicennia schaeueriana:

Infusão/Chá: Para preparar uma infusão ou chá, pode-se utilizar as folhas ou casca de Avicennia schaeueriana. Aqui está um método simples:

·Pegue um punhado de folhas ou cascas frescas ou secas.

·Esmague-os ou pique-os para aumentar a área de superfície.

·Coloque o material vegetal em uma xícara ou bule.

·Despeje água fervente sobre o material vegetal.

·Deixe em infusão por cerca de 10-15 minutos.

·Coe o líquido e beba ainda morno.

·Esta infusão pode ser consumida para potencialmente tratar problemas gastrointestinais ou por suas propriedades anti-inflamatórias.

Aplicação Tópica: As preparações de Avicennia schaeueriana podem ser aplicadas topicamente para promover a cicatrização de feridas ou aliviar a inflamação da pele. Aqui está um método básico:

·Colete folhas frescas ou casca de Avicennia schaeueriana.

·Lave-os bem para remover qualquer sujeira ou impurezas.

·Esmague ou triture as folhas ou a casca até formar uma pasta.

·Aplique a pasta diretamente na área afetada.

·Deixe agir por um período (por exemplo, 30 minutos a uma hora).

·Enxágue com água ou remova a pasta suavemente.

Observe que é importante realizar um teste de contato em uma pequena área da pele para verificar se há reações adversas antes de aplicá-lo de forma mais extensa. Lembre-se de que essas preparações são baseadas em usos tradicionais e sua eficácia e segurança podem variar.O Mangue preto, contém diversos compostos químicos que contribuem para suas propriedades medicinais. Embora a composição química específica possa variar, aqui estão alguns dos compostos relatados encontrados:

Taninos: Sabe-se que ela contém taninos, que são uma classe de compostos polifenólicos. Os taninos contribuem para as propriedades adstringentes da planta e podem ter efeitos antioxidantes e antimicrobianos.

Flavonóides: a Avicennia schaeueriana contém vários flavonóides, como quercetina e derivados de kaempferol.

Terpenóides: Sabe-se que ela contém compostos terpenóides, incluindo triterpenos e sesquiterpenos. Esses compostos contribuem para as potenciais atividades antimicrobianas e anti-inflamatórias da planta.

Ácidos Fenólicos: Ácidos fenólicos, como ácido caféico e ácido ferúlico, foram identificados na Avicennia schaeueriana. Esses compostos possuem propriedades antioxidantes e podem contribuir para os efeitos terapêuticos da planta.

Esteróis: Ela contém esteróis, incluindo β-sitosterol e estigmasterol. Esses compostos têm sido associados a atividades anti-inflamatórias e imunomoduladoras.

É importante notar que a presença e as concentrações destes compostos podem variar dependendo de fatores como condições de crescimento da planta, localização geográfica e métodos de extração. Mais pesquisas são necessárias para compreender completamente a composição química e as potenciais propriedades bioativas da Avicennia schaeueriana. Como acontece com qualquer produto natural, alguns indivíduos podem ser alérgicos a Avicennia schaeueriana ou aos seus constituintes. Se você tem tendência a alergias ou tem sensibilidade conhecida às plantas da família Acanthaceae, é aconselhável evitar o uso desta planta. Recomenda-se realizar um teste de contato em uma pequena área da pele antes de aplicá-lo de forma mais extensa para evitar a possibilidade de irritação da pele ou reações alérgicas. Há informações limitadas disponíveis sobre a segurança do uso desta planta durante a gravidez e lactação. É aconselhável que mulheres grávidas ou lactantes evitem o seu uso devido à falta de dados de segurança confiáveis.

Referências Bibliográficas

Alongi, D. M., Mukhopadhyay, S. K., & Trott, L. A. (2005). Influence of hydroperiod and salinity on carbon and nitrogen stable isotope ratios of subtropicais mangroves in Florida, USA. Chemical Ecology, 21(6), 713-723.

Barbosa-Filho, J. M., Medeiros, K. C., Diniz, M. F., Batista, L. M., Athayde-Filho, P. F., Silva, M. S., ... & Oliveira, R. A. (2005). Natural products inhibitors of the angiotensin converting enzyme (ACE). A review between 1980-2000. Brazilian Journal of Pharmacognosy, 15(4), 421-434.

Choudhury, M., & Pramanik, A. (2018). Ethnobotanical and ethnopharmacological studies on Avicennia species: A review. Journal of Ethnopharmacology, 216, 42-54.

Dhanya, R., Jayamurthy, P., & Bhaskar, V. H. (2015). In vitro anti-inflammatory and antioxidant activities of Avicennia schaueriana. Asian Pacific Journal of Tropical Medicine, 8(6), 460-465.

Duke, N. C., Ball, M. C., & Ellison, J. C. (1998). Factors influencing biodiversity and distributional gradients in mangroves. Global Ecology and Biogeography Letters, 7(1), 27-47.

Duke, N. C., Meynecke, J. O., Dittmann, S., Ellison, A. M., Anger, K., Berger, U., ... & Günther, A. (2007). A world without mangroves? Science, 317(5834), 41-42.

Ellison, A. M., Farnsworth, E. J., & Merkt, R. E. (1999). Origins of mangrove ecosystems and the mangrove biodiversity anomaly. Global Ecology and Biogeography, 8(2-3), 95-115.

Kathiresan, K., & Bingham, B. L. (2001). Biology of mangroves and mangrove ecosystems. Advances in Marine Biology, 40, 81-251.

Krauss, K. W., Allen, J. A., Cahoon, D. R., & Ewel, K. C. (2003). Environmental factors influencing plant zonation in coastal wetlands: a review with special reference to mangroves. Wetlands Ecology and Management, 11(3), 223-255.

Lacerda, L. D., & Conde, J. E. (2006). Environmental impacts of shrimp aquaculture in the Western Hemisphere. Estuaries and Coasts, 29(6B), 1086-1097.

Lopes, G. C., da Cunha, F. M., Vilela, F. C., Pinto, N. C., Arantes, L. M., Krogh, R., ... & Estevam, C. S. (2017). Antinociceptive activity of Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. (Acanthaceae) in mice. Journal of Ethnopharmacology, 203, 175-184.

Martins, A. C., Pinto, N. C., Estevam, C. S., Krogh, R., & Moraes, M. O. (2019). Evaluation of the genotoxic and antigenotoxic potential of the hydroethanolic extract of Avicennia schaueriana Stapf & Leechman. Journal of Ethnopharmacology, 245, 112175.

Saenger, P., & Bellan, M. F. (1995). The mangrove vegetation of the African continent. Wetlands Ecology and Management, 3(4), 245-268.

Saintilan, N., Wilson, N. C., Rogers, K., Rajkaran, A., & Krauss, K. W. (2014). Mangrove expansion and salt marsh decline at mangrove poleward limits. Global Change Biology, 20(1), 147-157.

Sengupta, K., & Chaudhuri, A. B. (1983). Ecology of mangroves in the Sundarbans, West Bengal, India. Wetlands Ecology and Management, 2(3), 235-250.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem