Plantas medicinais da família Apiaceae

 

A família Apiaceae, anteriormente conhecida como família Umbelliferae, é uma grande família de plantas que inclui mais de 3.700 espécies e cerca de 434 gêneros. A maioria das plantas desta família tem folhas alternativas compostas que são altamente dissecadas ou pinadas compostas, dando-lhes uma aparência de penas ou de samambaia. As flores estão dispostas em umbelas, que são cachos achatados ou arredondados com os pedúnculos (pedicelos) surgindo de um ponto comum. As flores das Apiaceae são tipicamente pequenas e de cinco pétalas, com as pétalas frequentemente fundidas na base. Eles geralmente são radialmente simétricos. Os frutos das plantas Apiaceae são frequentemente secos e denominados esquizocarpos. Esses frutos se dividem em duas metades, conhecidas como mericarpos, na maturidade. Muitas plantas da família Apiaceae contêm compostos aromáticos, como óleos essenciais, que lhes conferem fragrâncias distintas. As plantas Apiaceae são encontradas em diversos habitats em todo o mundo, incluindo regiões temperadas e tropicais. Eles são comumente encontrados em prados, pastagens, bordas de florestas e ao longo de estradas. Algumas espécies de Apiaceae são consideradas invasoras em determinadas regiões. Diversas plantas desta família são cultivadas e usadas como ervas culinárias, em saladas e temperos. Os exemplos incluem salsa (Petroselinum crispum), endro (Anethum graveolens) e aipo (Apium graveolens). Muitas plantas da família Apiaceae têm sido tradicionalmente utilizadas na fitoterapia para diversos fins, como auxílio digestivo, diuréticos e para aliviar doenças respiratórias. Algumas espécies de Apiaceae, como a erva-doce (Foeniculum vulgare) e erva-doce (Pimpinella anisum), são utilizadas por seus óleos essenciais, que encontram aplicações em perfumes, aromatizantes e aromaterapia. Alguns gêneros notáveis da família Apiaceae incluem Apios, Angelica, Apium, Carum, Coriandrum, Daucus, Foeniculum, Pastinaca, Petroselinum e Pimpinella.

Algumas plantas medicinais da família Apiaceae:

Funcho (Foeniculum vulgare): 

Sementes e óleo de erva-doce têm sido tradicionalmente usados para aliviar problemas digestivos, como inchaço, indigestão e cólicas. Eles também são usados como carminativos e expectorantes.

Endro (Anethum graveolens): 

Folhas e sementes de endro têm sido usadas para ajudar na digestão e aliviar desconfortos gastrointestinais. Eles também podem ter propriedades antimicrobianas.

Coentro (Coriandrum sativum): 

As sementes e folhas de coentro são comumente usadas como erva culinária, mas também têm usos medicinais tradicionais. Acredita-se que eles tenham efeitos digestivos, carminativos e antiinflamatórios.

Salsa (Petroselinum crispum):

As folhas e sementes da salsa são ricas em vitaminas e minerais. Eles têm propriedades diuréticas e são usados para apoiar a saúde renal. A salsa também tem sido usada para refrescar o hálito.

Angélica (Angelica archangelica): A raiz de angélica tem sido usada na medicina tradicional como tônico digestivo e para aliviar cólicas menstruais. Acredita-se também que tenha propriedades antimicrobianas.

Levístico (Levisticum officinale): 

A raiz e as folhas de levístico têm sido usadas tradicionalmente como diurético e auxiliar digestivo. Acredita-se também que eles tenham propriedades antimicrobianas.

Cominho (Carum carvi): 

As sementes de cominho têm sido usadas para aliviar problemas digestivos, incluindo inchaço e flatulência. Eles também podem ter propriedades antimicrobianas.

Aipo (Apium graveolens): 

O aipo tem sido usado tradicionalmente como diurético e para apoiar a saúde do trato urinário. Também é rico em antioxidantes e acredita-se que tenha efeitos antiinflamatórios.

Alguns usos medicinais comuns associados a plantas da família Apiaceae:

Problemas Digestivos: Muitas plantas da família Apiaceae têm propriedades carminativas, ajudando a aliviar problemas digestivos como inchaço, indigestão e flatulência. Exemplos incluem erva-doce (Foeniculum vulgare), endro (Anethum graveolens) e cominho (Carum carvi).

Efeitos diuréticos: Algumas plantas Apiaceae, como o aipo (Apium graveolens) e a Levístico (Levisticum officinale), possuem propriedades diuréticas e podem ajudar a aumentar a produção de urina, promovendo a eliminação do excesso de líquidos do corpo.

Problemas respiratórios: Certas espécies da família Apiaceae, como a angélica (Angelica archangelica) e o anis (Pimpinella anisum), têm sido usadas na medicina tradicional para aliviar doenças respiratórias como tosse, bronquite e congestão.

Problemas menstruais: Algumas plantas da família Apiaceae, incluindo a angélica (Angelica archangelica) e a levístico (Levisticum officinale), têm sido utilizadas pelos seus potenciais benefícios no alívio das cólicas menstruais e na regulação dos ciclos menstruais.

Propriedades anti-inflamatórias: Certos compostos encontrados nas plantas Apiaceae, como os óleos voláteis, apresentam efeitos antiinflamatórios. Isto os torna potencialmente úteis para reduzir a inflamação e os sintomas associados. Exemplos incluem salsa (Petroselinum crispum) e coentro (Coriandrum sativum).

Atividade Antimicrobiana: Algumas plantas da família Apiaceae apresentam propriedades antimicrobianas contra certas bactérias e fungos. Isso inclui espécies como salsa (Petroselinum crispum) e endro (Anethum graveolens).

Efeitos antioxidantes: Muitas plantas desta família contêm compostos com propriedades antioxidantes, que ajudam a proteger as células do corpo dos danos causados pelos radicais livres. Exemplos incluem coentro (Coriandrum sativum) e erva-doce (Foeniculum vulgare).

Alguns métodos comuns para fazer preparações medicinais usando plantas Apiaceae:

Infusões/Chás:

-Ferva a água e retire do fogo.

-Adicione a quantidade desejada de material vegetal - seco ou fresco (folhas, sementes ou raízes) a um bule ou xícara.

-Despeje a água quente sobre o material vegetal.

-Cubra e deixe em infusão por 5 a 10 minutos.

-Coe o líquido e beba.

Decocções:

-Adicione a quantidade desejada de material vegetal (geralmente raízes ou sementes picadas) em um recipiente.

-Adicione água (a proporção varia dependendo da planta e da concentração desejada).

-Leve a água para ferver e cozinhe por cerca de 20 a 30 minutos.

-Coe o líquido e consuma.

Tinturas:

-Pique ou triture finamente o material vegetal (folhas, flores ou raízes).

-Coloque o material vegetal em uma jarra de vidro.

-Cubra o material vegetal com um álcool de alto teor.

-Feche bem o frasco e guarde-o em local fresco e escuro por várias semanas, agitando-o ocasionalmente.

-Coe o líquido e a tintura resultante pode ser tomada por via oral em doses pequenas e medidas.

Cataplasmas:

-Esmague ou triture o material vegetal fresco ou seco até formar uma pasta.

-Aplique a pasta diretamente na área afetada.

-Cubra com um pano limpo ou curativo e deixe agir por um período determinado ou até que o cataplasma seque.

-Remova o cataplasma e limpe a área.

É importante ressaltar que a dosagem e o método específico de preparo podem variar dependendo da planta, das partes utilizadas e da finalidade a que se destina.

As plantas da família Apiaceae contêm vários compostos químicos, incluindo óleos voláteis, flavonoides, ácidos fenólicos, cumarinas e outros metabólitos secundários. A composição química específica pode variar entre diferentes espécies e até mesmo dentro de diferentes partes da mesma planta. Aqui estão alguns dos compostos químicos comumente encontrados em plantas da família Apiaceae:

Óleos Voláteis: Muitas plantas Apiaceae são conhecidas pelo seu alto teor de óleos voláteis, que contribuem para o seu aroma e sabor distintos. Exemplos de óleos voláteis encontrados em plantas Apiaceae incluem anetol (encontrado em erva-doce e erva-doce), carvona (encontrada em cominho e endro), limoneno, pineno e cânfora.

Cumarinas: As cumarinas são uma classe de compostos conhecidos por suas propriedades aromáticas. As plantas da família Apiaceae são frequentemente ricas em cumarinas, incluindo compostos como umbeliferona, bergapten e herniarina. Esses compostos conferem fragrância característica a muitas espécies de Apiaceae.

Flavonoides: Os flavonoides são um grupo diversificado de metabólitos secundários com diversas atividades biológicas. Muitas plantas Apiaceae contêm flavonoides, incluindo apigenina, kaempferol e quercetina. Estes compostos contribuem para as propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias associadas a algumas espécies de Apiaceae.

Ácidos Fenólicos: Os ácidos fenólicos são outro grupo de compostos encontrados nas plantas, conhecidos por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. As plantas Apiaceae contêm ácidos fenólicos, como ácido caféico, ácido ferúlico e ácido rosmarínico.

Furanocumarinas: As furanocumarinas são um tipo específico de cumarinas conhecidas por suas propriedades fototóxicas. Algumas plantas Apiaceae, como angélica (Angelica archangelica) e pastinaca (Pastinaca sativa), contêm furanocumarinas como bergapten e xantotoxina.

Lignanas: algumas plantas Apiaceae, incluindo o aipo (Apium graveolens), contêm lignanas como apiole e apiin.

Estes são apenas alguns exemplos de compostos químicos encontrados em plantas da família Apiaceae. A composição e concentração específicas destes compostos podem variar entre diferentes espécies e até mesmo dentro de diferentes partes da mesma planta. É importante notar que a presença destes compostos contribui para as propriedades terapêuticas e potenciais benefícios para a saúde associados ao uso de plantas Apiaceae na medicina tradicional e em preparações fitoterápicas.

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Profº. M.Sc. Décio Escobar

Sou professor de Biologia e Botânica, com Especialização em Fitoterapia, Especialização em Didática e Metodologia do Ensino Superior e Mestrado em Ciências Ambientais, atualmente com nove livros publicados.

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