EMETINA: alcaloide natural presente na espécie ipecacuanha com propriedades antimaláricas, antineoplásicas e antiamebianas

 

Cephaelis ipecacuanha (ipeca)

A emetina é um alcaloide natural presente na espécie ipecacuanha (ipeca). É um dos principais ingredientes ativos do xarope de ipeca usado como emético e tem sido amplamente utilizado na fitomedicina como medicamento antiparasitário. Inibe a síntese de proteínas ribossômicas e mitocondriais e interfere na síntese e nas atividades de DNA e RNA. Por esse motivo, tem sido uma ferramenta vital para os farmacologistas e tem demonstrado muitas propriedades biológicas, como atividades antivirais, anticancerígenas, antiparasitárias e anticoncepcionais. Além disso, foi relatado que causa a regulação positiva e negativa de vários genes. Alguns análogos sintéticos com atividades biológicas interessantes foram preparados. Este artigo analisa as atividades biológicas da emetina e de algumas moléculas derivadas da emetina. A emetina é uma piridoisoquinolina . Inibe a replicação dos vírus SARS-CoV2, Zika e Ebola e exibe propriedades antimaláricas, antineoplásicas e antiamebianas. Atua como antiprotozoário, metabólito vegetal, antiviral, emético, inibidor da síntese proteica, antimalárico, antineoplásico, inibidor da autofagia, anti-infeccioso, expectorante, anticoronviral e antiamebiano. . É uma piridoisoquinolina e um alcalóide isoquinolínico. É funcionalmente relacionado a uma cefaelina.

emetina

A emetina tem sido empregada no tratamento de amebíase e disenteria amebiana causada por Entamoeba histolytica, um protozoário parasita anaeróbico, cujo crescimento é inibido pela emetina. O alcaloide foi relatado como um tratamento eficaz para o fígado amebiano e como tratamento de para amebíases da pele perianal, as quais são causadas pelo mesmo parasita. A emetina foi usada como droga padrão para tratamento de amebíase por cerca de 50 anos, mas seu uso foi desencorajado devido à toxicidade excessiva. Uma crença sustentada por pesquisadores de que a neoplasia tem uma natureza parasitária ou amebiana resultou no primeiro teste clínico da atividade da emetina em tumores humanos, com a observação de aparente regressão do tumor após a administração de emetina. No entanto, como não se pôde observar o mesmo efeito em ratos e camundongos, concluiu-se que a emetina não possui uma propriedade antitumoral.

emetina

o uso da ipecacuanha como emético foi levado à Europa pelos portugueses durante o século 16, a partir da observação dos costumes de tribos indígenas brasileiras. Suas virtudes seriam confirmadas nos séculos seguintes por diversos estudiosos, até que, no início dos anos 1800, o alcaloide foi isolado. Além de induzir vômito, a emetina é indicada para tratamento de amebíases. A palavra “emetina” está relacionada a emetikós, que em grego significa justamente “vômito”. Por volta de 1930, foi descoberta a síntese da dehidroemetina, que gera menos efeitos colaterais. Atualmente, xaropes expectorantes são feitos com esse alcaloide.

Espécies onde é encontrado a emetina:

 

REINO

FAMÍLIA

ESPÉCIES

Plantae

Araliaceae

Hedera helix

Plantae

Cornaceae/Aucubaceae/

Garryaceae/Helwingiaceae

Alangium longiflorum

Plantae

Rubiaceae

Cephaelis acuminata

Plantae

Rubiaceae

Cephaelis ipecacuanha

Plantae

Rubiaceae

Psychotria burucana

Plantae

Rubiaceae

Psychotria ipecacuanha

Plantae

Rubiaceae

Psychotria klugii

Referências Bibliográficas

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Profº. M.Sc. Décio Escobar

Sou professor de Biologia e Botânica, com Especialização em Fitoterapia, Especialização em Didática e Metodologia do Ensino Superior e Mestrado em Ciências Ambientais, atualmente com nove livros publicados.

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