IPECA: planta indicada como amebicida e no tratamento da disenteria

 

Nome científico: Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes

Sinonímias: Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich., Callicocca ipecacuanha Brot., Evea ipecacuanha (Brot.) Standl., Uragoga ipecacuanha (Brot.) Baill.  

Família: Rubiaceae

Nomes populares: cagosanga, cipó-de-camelos, cipó-emético, ipeca, ipeca-cinzenta, ipeca-de-cuiabá, ipeca-de-mato- grosso, ipeca-do-rio, ipeca-oficinal, ipeca-preta, ipeca, ipecacuanha, ipecacuanha-anelado, ipecacuanha-legítima, ipecacuanha-preta, ipecacuanha-verda-deira, papaconha, papacuem, picacuanha, poaia, poaia-cinzenta, poaia-das-boticas, poaia-de-mato-grosso, poaia-do-brasil, poaia-do-mato, poaia-legítima, poaia-verdadeira, raíz-emética, raíz-preta, raíz-do-brasil 

Origem: Ocorre nos lugares úmidos das florestas brasileiras dos estados de Pernambuco, Pará, Bahia, Rio de Janeiro, principalmente em Mato Grosso e Minas Gerais. É cultivada no Brasil, especialmente no Pará e em Matos Grosso e, também, na índia e na Malásia

Descrição botânica: subarbusto pequeno, de caule fino e lenhoso, quase rasteiro, com ramos pouco mais de 50 cm de comprimento, com raízes ou rizomas engrossados. Folhas simples, inteiras, opostas, com estipulas laciniosas interpeciolares, membranáceas, de 10-15 cm de comprimento. Flores de cor branca e reunidas em cimeiras compactas. Os frutos são pequenas drupas globosas de cor vinácea.

Parte da planta para uso: rizomas e raízes.

Constituintes químicos:  O principal constituinte químico dos rizomas e raízes é a emetina que está acompanhada de cefaelina, psicorina e outros alcalóides isoquinolínicos. Contém, ainda, ácidos orgânicos, taninos, saponinas, colina, amido e, glicosídios monoterpênicos isoquino-línicos como o ipecosídio e outros glicosídios relacionados, além de uma glicoproteína alergisante.

Formas de uso:

Xarope:

-Pegue a raiz de Psychotria ipecacuanha seca e em pó.

-Em uma panela, misture 1 parte de pó de raiz de ipecacuanha com 20 partes de água (por exemplo, 10 gramas de pó de raiz com 200 mililitros de água).

-Cozinhe a mistura em fogo baixo por cerca de 30 minutos para extrair os compostos medicinais.

-Coe o líquido para remover as partículas sólidas, resultando em uma decocção.

-Meça o volume da decocção obtida e coloque-a novamente na panela.

-Adicione igual volume de açúcar (por exemplo, se obteve 100 mililitros de decocção, adicione 100 gramas de açúcar).

-Aqueça suavemente a mistura, mexendo continuamente, até que o açúcar se dissolva completamente.

-Deixe a calda esfriar e transfira-a para um frasco limpo e esterilizado com tampa bem fechada.

-Guarde a calda em local fresco e escuro.

Indicações: é indicada como amebicida, no tratamento da disenteria, como expectorante no tratamento auxiliar da bronquite e da coqueluche. Sua ação emética é aproveitada na cura-condicionada do alcoolismo e como vomitivo, no tratamento de urgência do envenenamento por ingestão de substâncias tóxicas

Observações: Seu emprego como medicamento deve ser feito com cautela porque, em doses altas pode produzir lesões agudas no coração, fígado, rim, intestino e músculos esqueléticos. Embora a emetina seja, atualmente, produzida por síntese química, ainda são usados xaropes, tintura, extrato alcoólico e pastilhas, preparados pela indústria farmacêutica e farmácias de manipulação.

Referências bibliográficas

Braga, R. 1976. Plantas do Ceará, Especialmente do Nordeste, 3a edição. Coleção Mossoroense - Vol. XLII. Mossoró. 540 pp.

Roberts, J.E., M.K. Speedie, & V.E. Tyler. 1996. Farmacogonosia / biotecnologia. Ed Premier, São Paulo,372 .

Costa, A. F. 1995, Farmacognosia. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 1117 pp.

Lorenzi, H. & Matos, F.J.A. 2008. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2ª ed. Nova Odessa, Instituto Plantarum.

Simões, C.M.O., E.P. Schenkel, G. Gosmasn et al. 2001. Farmacognosia - da planta ao medicamento. Ed. Univ. / UFRGS / UFSC, Porto Alegre/Florianópolis, 833 p.

Sousa, M.P., M.E.O. Matos, F.J.A. Matos et al. Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras.Impr. Universitária / UFC, Fortaleza, 416 pp.

Profº. M.Sc. Décio Escobar

Sou professor de Biologia e Botânica, com Especialização em Fitoterapia, Especialização em Didática e Metodologia do Ensino Superior e Mestrado em Ciências Ambientais, atualmente com nove livros publicados.

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