MANGIFERINA: uma xantona C-glicosilada encontrada na manga, com propriedades antioxidantes, antidiabéticas, antialérgicas e anticancerígenas

 

Mangifera indica (manga)

A mangiferina é uma xantona C-glicosilada, um composto polifenólico amplamente encontrado em pteridófitas e angiospermas, principalmente nas famílias Gentianaceae e Iridaceae, presentes predominantemente nas folhas e na casca do caule. Esta substância polifenólica foi primeiramente isolada de manga, em 1956. Estudos pré-clínicos e ensaios in vitro tem revelado grande versatilidade de ações biológicas da mangiferina, cujo potencial já se supunha desde a sua descoberta como princípio ativo de várias plantas medicinais tais como a Mangifera indica e a Anemarrhena asphodeloides e espécies do gênero Cyclopia e Salacia. Na Cyclopia spp, a mangiferina é o principal composto bioativo do chá indicado para afecções respiratórias, enquanto nas demais espécies, é responsável especialmente pela atividade antidiabética. 

Mangiferina

A mangiferina, é utilizada como medicamento natural, na medicina tradicional e em suplementos alimentares. Este extrato possui propriedades antioxidantes de forma a contrariar surpreendentemente os processos de envelhecimento do organismo. Em geral, a mangiferina possui inúmeras propriedades para a saúde, entre as quais se destacam as propriedades antioxidantes, antimicrobianas, antidiabéticas, antialérgicas, anticancerígenas, hipocolesterolêmicas e imunomoduladoras. Seus efeitos incluem a supressão da expressão do fator de necrose tumoral-α e a indução do apoptose. O composto também é capaz de bloquear a peroxidação lipídica. De fato, o complexo de polifenóis presentes exerce um efeito protetor eficaz contra os danos oxidativos dos radicais livres. Além disso, a mangiferina tem uma alta biodisponibilidade que lhe permite atingir os tecidos e órgãos de forma significativa. A mangiferina apresenta em sua fórmula estrutural até 8 grupos hidroxila (OH) disponíveis, e isso permite prevenir, reparar e proteger o corpo humano contra os danos dos radicais livres (H), ligando-os para formar uma molécula de água (H2O) facilmente eliminada do corpo, com uma potência muito maior do que outras substâncias que possuem no máximo 2 grupos hidroxila (OH) disponíveis.

Mangiferina

Estudos e pesquisas clínicas sobre mangiferina confirmaram sua eficácia na melhoria da qualidade de vida em pacientes que sofrem de certos tipos de câncer, psoríase, diabetes mellitus, hiperplasia prostática benigna, asma brônquica e polineuropatia. Nas últimas quatro patologias, a remissão dos sintomas clínicos foi alcançada em alguns casos. Também há evidências de sua ação como inibidor do envelhecimento cutâneo. Entre as outras propriedades dessa molécula, cabe destacar que existem resultados evidentes no tratamento de dores (artralgias, osteoartrites e dores musculares) no tratamento de doenças de pele como herpes zoster e escaras.A mangiferina demonstra atividades farmacológicas em diferentes órgãos e tecidos, exercendo efeito preventivo e terapêutico contra uma considerável gama de doenças. Basicamente por meio de uma ação removedora de radicais livres, a mangiferina protege neurônios, coração, fígado, rins e estomago contra os efeitos nocivos de radicais livres, prevenindo ou retardando o surgimento de doenças neurodegenerativas, processos inflamatórios e até mesmo de neoplasias. No entanto, a ação antioxidante não explica integralmente as suas propriedades farmacológicas, principalmente no tocante as suas atividades imunomoduladora e antidiabética, nas quais o seu mecanismo de ação é mais complexo. Em células neuro blastomas de ratos, a mangiferina demonstrou potencial para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como o mal de Parkinson, por meio da reversão dos efeitos neurotóxicos do 1-metil-4- fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina, uma neurotoxina causadora de parkinsonismo por induzir a formação de radicais livres, principalmente radicais hidroxila e superóxido. Em ratos tratados com isoproterenol (droga causadora de infarto do miocárdio), os níveis séricos e tissulares de colesterol, triglicerídeos e ·ácidos graxos livres foram reduzidos após a administração de mangiferina.

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